Julgamento de Vicente Cruz: decisão sai esta semana

Acusado de participação direta na trama para matar Mauro Campbell, o ex-procurador amazonense poderá ir a júri popular

Até o final desta semana, o juiz Mauro Antony vai decidir se o ex-procurador-geral Vicente Cruz deve ser levado ou não a júri popular pelos crimes de formação de quadrilha e tentativa de homicídio contra o Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) amazonense Mauro Campbell.

O magistrado disse que está colocando o processo em ordem para, em seguida, fazer uma análise e decidir se o ex-procurador vai enfrentar o julgamento popular.

De acordo com o juiz, a instrução do processo já está quase toda concluída, faltando apenas diligências, a defesa prévia de um dos acusados e também tomar o depoimento das testemunhas de defesa do réu. “Nós estamos apenas organizando os volumes e até o fim desta semana já haverá uma decisão”, disse Mauro Antony.


No processo que, atualmente, é formado por 14 volumes, além de Cruz há outros réus que são acusados de participação direta na trama para matar Campbell: o técnico em eletrônica Élson dos Santos Moraes; Maria José Dantas da Silva; Osvaldo Silva Bentes; Franklin Barbosa dos Santos; Jane da Silva Santos, o “Caneco”; e o ex-policial militar Lenilson Braga de Oliveira, o “Carioca”.

Destes, “Caneco” e “Carioca” estão presos em presídio federal e Osvaldo na Unidade Prisional de Puraquequara. Maria José e Franklin estão no Programa de Proteção a Testemunha (Provita) e Élson nunca foi preso e é considerado foragido da Justiça desde 2007, quando o caso veio à tona.


De acordo com os autos, o plano começou no dia 25 de dezembro de 2006, quando a companheira de Élson (suposto intermediador do plano), Maria José Dantas da Silva, entrou em contato com o ex-presidiário Franklin Barbosa para lhe propor um “serviço”.


Acreditando que o ex-detento toparia executar o procurador, Maria José fez a ligação entre o marido e o ex-presidiário. No encontro de Élson com Franklin, ainda no dia 25 de dezembro, o intermediador do plano disse ao ex-presidiário que precisava de uma pessoa para assassinar uma “autoridade”. Pelo serviço, Franklin receberia R$ 30 mil.


De acordo com os autos, o ex-procurador teria encomendado a morte de Campbell a Élson por R$ 50 mil. Este contrato os pistoleiros “Caneco” e “Carioca” para fazerem “o serviço”. A ordem dada aos pistoleiros era que eles deveriam, em uma motocicleta, ficar emparelhados com o carro oficial do Ministério Público e que o da garupa atirasse no então procurador Mauro Campbell. O serviço só não foi realizado porque Carioca teve problemas de saúde.
 
Escutas telefônicas denunciam
 
A trama foi descoberta e passou a ser investigada por policiais da Secretaria-Adjunta de Inteligência (Seai), que durante as investigações fizeram várias escutas telefônicas. O nome do procurador-geral licenciado do MPE, Vicente Cruz, aparece em diversas ligações telefônicas gravadas pelo Seai, com autorização da Justiça Estadual.


O relatório confidencial da Secretária de Segurança Pública (SSP) enviado ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJA) e ao Ministério Público, aponta que em diversos contatos telefônicos feitos por Élson com o procurador Vicente Cruz, Maria José e Franklin, ficou constatado que a ordem para a execução de Mauro Campbell partiu de Cruz.

Conforme as gravações, Élson diz a Franklin que o procurador Cruz “mandou parar a situação por um tempo” e avisou que os telefones estavam grampeados.
 

Fonte: Jornal A Crítica de 05 de abril de 2011