Comandante da Polícia Militar se reúne com Procurador João Bosco Sá Valente
Com o objetivo de esclarecer as notícias que vem sendo veiculadas na imprensa, o Comandante da Polícia Militar, Dan Câmara, se reuniu, hoje, 24, com o Procurador João Bosco para falar sobre o caso do adolescente que foi agredido por PM's. No gabinete do Procurador, o Comandante explicou que houve uma falha de comunicação entre os dois órgãos. De acordo com Dan Câmara, a solicitação enviada pelo MP queria a identificação dos policiais e, por isso, não sabia do conteúdo do vídeo. “Só tomei conhecimento do vídeo depois. Após analisar as imagens solicitei uma cópia do vídeo”, disse.
Durante o encontro, os dois órgãos afirmaram que irão trabalhar juntos para resolver o caso e dar uma resposta para a sociedade. “A PM está interessada em cooperar com o MP para a solução deste caso. Queremos esclarecer também que não houve interesse da PM em atrasar a investigação”, afirmou o Comandante.
O Procurador João Bosco, que atua na investigação do caso, já pediu a prisão preventiva dos policiais e encaminhou para o juiz plantonista. “Vamos encerrar este fato e dizer que não há animosidade entre as partes”, disse o Procurador.
O Comandante, na ocasião, assinou um termo de apresentação dos acusados envolvidos na agressão ao adolescente. À tarde, dois policiais serão ouvidos pelo Procurador e depois será montado uma agenda para que todos os acusados sejam rapidamente ouvidos.
PGJ tem reunião com o Secretário Estadual de Justiça
O Secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Carlos Lélio Ferreira Lauria, recebeu na tarde de ontem o Procurador Geral de Justiça, Francisco Cruz. Na pauta, a situação do presídio do Município de Humaitá. O PGJ repassou ao Secretário, as reivindicações formuladas pelo Bispo da cidade, Dom Francisco Morkel, com relação à alimentação dos internos e denúncias de maus tratos.
Lélio Lauria, que é Promotor de Justiça e possui obras publicadas a respeito da execução da pena, prometeu adotar providências para atender as reinvicações formuladas pelo religioso de Humatá. Para o Procuador Geral a integração entre os ógãos públicos reduz a distância e facilita a solução dos problemas. "Todos nós somos servidores públicos e temos o dever de agir para atender as demandas sociais, especialmente as vidas das pessoas mais humildes", concluiu.
Repercussão do caso de tortura praticado por policiais contra adolescente
MPE tem embate com a polícia
Comandante Dan Câmara disse ter sido informado do caso pela imprensa, mas MPE enviou documento à polícia em fevereiro.
O caso da agressão ao garoto gerou um imbróglio entre Ministério Público Estadual (MPE) e o Comando da Polícia Militar. O comandante da PM, coronel Dan Câmara, disse que só ficou sabendo do caso minutos antes da veiculação do vídeo pela TV A Crítica, no início da noite de terça-feira, dia 22. Mas o Procurador de Justiça João Bosco Sá Valente, que apura o caso, apresentou um documento enviado no dia 28 passado a Dan Câmara, comunicando o fato e pedindo informações que ajudariam nas investigações que o Ministério Público conduzia sobre o caso do adolescente.
"É surpresa para mim. Eu desconheço. Este fato é novíssimo para a Polícia Militar. Eu soube ontem (terça-feira), por telefone, quando a produção da TV A Crítica me ligou", disse Câmara, ontem de manhã, em entrevista à Nova A Crítica FM.
"Eu lamento que o comandante da PM tenha vindo a público proclamar uma mentira e também demonstrar toda a sua omissão em relação a esse caso. Há quase um mês eu mesmo encaminhei ao Comando Geral da PM uma requisição no sentido que o comando identificasse os ocupantes da viatura mostrada na reportagem", rebateu o Procurador de Justiça João Bosco em entrevista ao programa Alô Amazonas, da TV A Crítica, na tarde de ontem.
O MPE distribuiu, ontem, cópia da requisição de dados enviada à PM no dia 28 de fevereiro. O documento foi recebido no protocolo da corporação no dia 10 de março. Mas, de acordo com o comandante da PM, o MPE apenas solicitou a escala de serviço do dia do fato. "O Ministério Público pediu apenas a escala de serviço. Eles não mandaram nenhuma cópia do vídeo e não falaram sobre o caso investigado. Só soube do que se tratava minutos antes da matéria ir ao ar", se defendeu Câmara.
Desculpas
Na entrevista à rádio, Dan Câmara não hesitou em pedir desculpas à população pelos atos dos policiais. "Eu sinto muito, mais uma vez. Demonstro meu sentimento de pesar. Peço desculpas à família desse cidadão. Passou a Polícia Militar a infringir a lei", disse.
À espera de resposta
O Ministério Público Estadual também aguarda resposta do Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo sobre os dados de saúde do adolescente. Somente esse pedido e o da PM não foram atendidos. O HPS foi oficializado no dia 3 de março.
(Jornal A Crítica, de 24 de março de 2011)