Operação do MPAM ataca farra da propina na Câmara Municipal de Iranduba
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público do Amazonas (Gaeco/MPAM) e as promotorias de Justiça de Iranduba, com apoio da Polícia Civil (PC), cumpriram, na manhã desta quinta-feira, 8/08, dois mandados de prisão, 15 de busca e apreensão e 15 de busca pessoal nas cidades de Manaus e Iranduba (30Km de Manaus).
A Operação Avaritia, palavra que vem do Latim e significa cobiça, teve como alvos principais os vereadores de Iranduba, Kelison Dieb (PMDB) e Jakson Pinheiro (PMN). Os parlamentares estão com a prisão temporária decretada porque são suspeitos de participarem de uma organização criminosa que vinha cobrando propina para a aprovação de Projetos de Lei na Câmara Municipal de Iranduba. As investigações começaram em dezembro de 2018, por iniciativa dos integrantes do Gaeco e das Promotorias de Justiça de Iranduba.
No momento da prisão, o vereador Kelison Dieb estava portando uma arma de fogo de fabricação caseira e, por isso, foi apresentado em flagrante no 19o. DIP, na Ponta Negra. O vereador Jackson Pinheiro foi flagrado tentando destruir prova, ao jogar o aparelho celular dele no vaso sanitário. Foram apreendidos, ainda, aparelhos celulares, HDs e documentos.
A prática de corrupção em municípios do interior do estado tem sido amplamente investigada pelo MPAM, por meio do Gaeco e faz parte das medidas implementadas pela Procuradora-Geral de Justiça do Amazonas Leda Mara Nascimento Albuquerque.
“Nossa missão é colocar fim a esta teia criminosa que se instalou em alguns poderes e em algumas instituições no nosso estado, dessa vez, no município de Iranduba, especificamente na Câmara de Vereadores, um poder que representa o povo daquela cidade e que deveria dar, portanto, um outro exemplo à população. Nós sabemos que a corrupção acaba tirando do foco o dinheiro público que deveria ser aplicado em políticas públicas na área de saúde, na educação, na área cultural. No entanto, o que se vê é o dinheiro público sendo utilizado para uma outra finalidade, que não a republicana na qual, nós todos, gestores públicos deveríamos trabalhar”, declarou a PGJ.
Cinco mil reais por projeto aprovado
Na coletiva de imprensa realizada logo após a deflagração da Avaritia, o coordenador da operação e membro do Gaeco, Promotor de Justiça Cláudio Tanajura, fez um balanço da operação, na presença da PGJ Leda Mara Albuquerque e dos promotores de Justiça e Leonardo Abinader, de Iranduba, e Flávio Mota, Luiz Alberto Vasconcelos, membros do Grupo Especial do MPAM.
Segundo o Promotor de Justiça Cláudio Tanajura, as investigações continuam, visando apurar a participação de outras pessoas no esquema criminoso. Segundo ele, a propina cobrada pelos parlamentares irandubenses chegava a R$ 5 mil para a aprovação de projeto de interesse coletivo. A arrecadação criminosa de dinheiro pode ter chegado a R$ 80 mil.
“Com o trabalho atento das Promotorias de Justiça de Iranduba, que a todo momento estão de portas abertas para a população, obtivemos informações, inclusive do povo, que na Câmara de Vereadores havia uma verdadeira organização criminosa, vendendo projetos de lei e trocando por benesses a aprovação e os votos. Em dezembro, instauramos um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que culminou na operação de hoje”, declarou o Promotor de Justiça Cláudio Tanajura.
Investigações continuam
As diligências continuam em sigilo para que as provas não sejam apagadas ou destruídas. O trabalho de investigação e de individualização das condutas, inclusive com a indicação de quem pagava as propinas e para quem, está sendo feito pelo MPAM. Alguns detalhes da operação não puderam ser revelados porque ainda existem mandados a serem cumpridos, e como forma de assegurar o resultado útil das medidas cautelares da operação.
Texto: Agnaldo Oliveira Júnior - ASCOM MPAM
Foto: Hirailton Gomes - ASCOM MPAM