MP-AM deflagra operação Timbó 2 – Zagaia e desmonta suposta quadrilha de empresários
- Criado: Sexta, 12 Agosto 2016 16:51
- Publicado: Sexta, 12 Agosto 2016 16:51
A Operação Timbó II- Zagaia, foi deflagrada na manhã desta sexta-feira, 12 de agosto, pelo Ministério Público do Amazonas, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O objetivo foi cumprir quatro mandados de prisão temporária, dois mandados de condução coercitiva, oito mandados de busca e apreensão, além da apresentação de dois presos, conforme mandados expedidos pelo Tribunal de Justiça do Amazonas.
As equipes do MP-AM contaram com o apoio da Secretaria de Segurança Pública, Secretaria Adjunta de Inteligência, Delegacia Geral e Departamento de Perícia Técnico-científica.
Os empresários Thiago Guilherme Caliri Queiroz e Rômulo Figueiredo de Souza Júnior tiveram prisões temporárias decretadas, os dois estão presos. Rômulo era empregado de uma empresa de contabilidade prestadora de serviços da Prefeitura de Santa Isabel do Rio Negro. De acordo com as investigações do GAECO, Rômulo recebia propina da organização criminosa.
Dois empresários continuam foragidos: Fábio de Camargo Calil, da empresa F De C. Calil, e Renan Correa Peixoto Filho, da empresa R.C. Comércio.
O alvo nesse desdobramento da Operação Timbó foi o núcleo empresarial da organização criminosa que atuava na prefeitura de Santa Isabel do Rio Negro, a 630 km de Manaus, para desviar verbas públicas. A investigação se concentrou em licitações fraudadas para beneficiar empresários, o Prefeito, Mariolino Siqueira, preso em Manaus desde maio, secretários municipais e servidores públicos.
Uma das irregularidades encontradas foi a compra de 500 bolas de basquetebol para o município. As bolas e equipamentos custaram mais de R$ 600 mil.
"Surpreendeu muito porque foram compradas 500 bolas de basquete para um município que não possui nenhuma quadra de basquetebol. Essas bolas e os equipamentos nunca chegaram ao município”, afirmou Christiane Corrêa, Promotora de Justiça que atua no Gaeco.
O trabalho investigativo apontou que nos últimos três anos, o grupo desviou cerca de R$ 17 milhões em oito processos licitatórios.
Quatro empresas são investigadas pelas fraudes: RC Comércio, Nortepetro, F.De C. Calil e GEA. Todas elas estão sediadas em Manaus e participaram de oito pregões e uma modalidade “carona” de processo de licitatório, de 2013 até o início de 2016 .
Os Promotores de Justiça do Gaeco identificaram transferências e saques de quantias em dinheiro das contas da Prefeitura de Santa Isabel do Rio Negro para empresas e pessoas físicas.
Em 2014, uma das empresas venceu licitação que tinha como proposta o fornecimento de produtos alimentícios por R$ 685.683,00. Entretanto, na mesma proposta, continha fornecimento de medicamentos e material esportivo. A mesma licitação continha o fornecimento de 500 bolas de basquete e kits de futebol (camisa, calção, meião e caneleira) por R$ 1.200 cada um. O kit não incluía chuteiras, que estavam em outro processo licitatório.
Segundo o Procurador de Justiça e coordenador do Gaeco Mauro Veras, as empresas fraudavam licitações para fornecimento de vários itens. Os recursos eram repassados às empresas, que depois distribuíam com integrantes do grupo criminoso, inclusive o prefeito. “Não eram somente as bolas de basquete, existem outros itens que não tinham nada a ver com o processo licitatório. Estava escrito fornecimento de medicamento, quando na verdade eram materiais esportivos", afirmou o Procurador.
No início da tarde as equipes fizeram apreensões de veículos das empresas e dos suspeitos. Por enquanto 3 caminhões , 2 vans e 1 moto já foram recolhidos.
Os crimes imputados aos investigados são peculato, organização criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e fraudes em licitações.
O Procurador-Geral de Justiça em exercício, Pedro Bezerra Filho, destacou que a investigação pode ter desdobramentos. "Havia muita certeza da impunidade, mas o Ministério Público quer quebrar esse ciclo. Maus gestores de verbas públicas comecem a se preocupar porque o Ministério Público está de olho neles”, afirmou o PGJ.