Centurião: julgamento entra pela noite
- Criado: Segunda, 01 Junho 2015 17:52
- Publicado: Segunda, 01 Junho 2015 17:52
O julgamento de três policiais militares e de um traficante, todos acusados pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), de terem participado do assassinato do ex-policial civil Santos Clidevar de Lima, ainda está acontecendo no Fórum Henoch Reis, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus. A previsão de Edinaldo Medeiros, titular da 17ª Promotoria de Justiça, que atua junto a 2ª Vara do Tribunal do Júri Popular (TJP), onde ocorre o julgamento, é que a decisão sobre o destino dos réus saia por volta de 21h desta segunda-feira, dia 1º de junho de 2014. Eram 14h45 quando se deu início a um intervalo. Os trabalhos reiniciaram por volta de 15h20.
A sessão teve início às 9h de hoje. No banco dos réus estão os policiais militares Carlos Farias da Silva, Cristian Zerbine Barros Ferreira , Luiz Neudison Azevedo da Silva, e o traficante Ezequiel Araújo Melo, o “Kéia”, que era enteado da vítima e, conforme a denúncia do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), teria pago R$ 12 mil para que os policiais matassem Santos Clidevar. Para o Promotor de Justiça, os policiais e o traficante, juntos de mais dois réus que não estão sendo julgados hoje, o coronel da Polícia Militar, Felipe Arce Rio Branco, então chefe do Departamento de Inteligência da PM e o, também policial militar Ivan Cheley Castro e Costa de Moraes, mataram o ex-policial civil. Ainda para o MP-AM, Arce era o chefe do grupo de extermínio.
O primeiro a depor, assim que foi aberto o julgamento, foi Keia. Por uma hora, o traficante falou no sentido de negar que tivesse qualquer relação com o crime, mas, claro, afirmou conhecer a vítima e disse que soube que o padrasto havia sido morto pelos policiais militares, a mando do coronel Arce. Ele, inclusive, negou que tivesse pago R$ 12 mil aos policiais para que matassem o padrasto. Mas, Edinaldo Medeiros afirma que, em depoimento à Polícia Federal, Keia confessou ter pago pela morte de Santos Clidevar.
“Aqui, ele diz que os R$ 12 mil foram pagos, mas ele que o dinheiro foi passado aos policias, mas que foi extorquido por eles. Mas nós temos uma gravação, que consta dos autos, em que Keia aparece tramando com o policial apelidado de Godô, a morte do padrasto”, afirma o Promotor. O PM Godô, na verdade, é Rodolfo Lemos Soprano, o “Godô”, que faleceu no decorrer das investigações. Ele teve morte natural por conta de complicações causadas pelo diabetes.
Policiais acusam coronel e colega
Depois de Keia, prestou depoimento o PM Luiz Neudson Azevedo da Silva, que foi seguido pelos colegas de farda Carlos Farias da Silva e Cristian Zerbine Barros Ferreira. Cada depoimento demorou em torno de uma hora. Os três policiais, ao serem ouvidos, imputaram a culpa do assassinato de Santos Clidevar ao coronel Arce e ao PM Cheley, que, conforme o MP-AM, foi o autor dos disparos. “Mas ou eles estavam lá e ajudaram a transportar a vítima até o local onde ela foi morta e enterrada. Só que eles alegam que não sabiam que a vítima estava sendo levada para aquele local para ser morta. Alguém deles cavou a cova, que eles dizem que não era cova, que era apenas um buraco”, afirmou o Promotor.
Assim que os trabalhos reiniciaram, após o intervalo, começaram os debates. O Ministério Público deu início às suas duas horas e meia previstas para fazer a sua apresentação e a acusação contra os quatro réus, e a defesa dos réus terá mais duas horas e meia. Se houver necessidade de tréplica, cada um terá mais uma hora e meia. Quatro advogados e o Defensor Público Antônio Ederval de Lima atuam na defesa dos quatro réus.
A denúncia do MP-AM
O assassinato do ex-policial civil Santos Clidevar ocorreu no dia 2 de março de 2004, no Ramal do Toco, na Rodovia BR-174. Clidervar tinha sido reconhecido pela Polícia Federal como traficante internacional de drogas e foi assassinado por ter ameaçado denunciar, às autoridades competentes, a existência de um grupo especializado no tráfico internacional de drogas e em crimes de extermínio que seria comandado pelo coronel Arce.
O julgamento ocorre no 2º Tribunal do Júri Popular (TJP), no Fórum Henoch Reis, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, e tem, atuando pelo MP-AM, o Promotor de Justiça Edinaldo Medeiros; como juiz, o titular da 2ª Vara do TJP, Anésio Pinheiro, e na defesa dos réus, quatro advogados, entre eles o Defensor Público Antônio Ederval de Lima.
De acordo com a denúncia do MP-AM, Santos Clidevar, foi sequestrado quando saía de casa, no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus, para o trabalho. Ele foi algemado, colocado em um veículo da polícia, não caracterizado, e levado para o Ramal do Toco, no quilômetro 28 da Rodovia BR-174, onde foi morto a tiros pelo PM Cheley. O crime foi encomendado por Kéia, que afirmou, em depoimento à Polícia Federal ter pago R$12 mil pelo assassinato de Santos Clidevar, tudo para garantir que o esquema de tráfico e de extermínios, não fosse denunciado pelo ex-policial civil.