Reflexos da violação dos direitos humanos

Palestrante fala sobre Direitos Humanos na Argentina e elogia as iniciativas brasileiras de imposição e quebra dos preconceitos sociais

 

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           Os desafios enfrentados pela Argentina em plena época ditatorial e a reviravolta do vizinho sulamericano do Brasil no âmbito dos direitos humanos dominaram os debates da primeira palestra do Seminário Internacional de Direitos Humanos, no Tropical Hotel, na manhã desta terça-feira, 23. O professor do Instituto Universitário Federal da Argentina, Adalberto Agozino, falou sobre os aspectos que colocaram em lados opostos militares e a sociedade civil daquele país. “Foi um tempo em que imperou a arbitrariedade e ofuscou a liberdade”, frisou Agozino.

 

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A partir de 1983, período em que os militares perderam poder e força, o professor argentino enfatizou a retomada da democracia como pressuposto de conquista de espaço social. Como avanço, Agozino citou a retirada das forças armadas do âmbito político, o que, na prática, enfraqueceu a ação militar. “Desta forma, os quartéis deixaram de representar um atrativo aos soldados, diminuindo, assim, sua capacidade como agente repressor”. Na análise do professor, o advento da derrota argentina para os ingleses no episódio da Guerra das Malvinas “enterrou” de vez as expectativas de retorno dos militares ao poder político do país. “A sociedade respondeu não ao terrorismo, a tortura e as violações, completou”.

 

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Em relação ao Brasil, Adalberto Agozino elogiou as ações do governo federal na defesa dos direitos humanos brasileiros e comparou, por exemplo, as medidas policiais adotadas entre os dois países em situações de envolvimento dos direitos dos presos. “Vi pela televisão as negociações da polícia de São Paulo com um grupo de assaltantes que mantiveram por horas pessoas como reféns dentro de um banco. Se na Argentina a polícia não resolve o problema, a sociedade agride e faz justiça com as próprias mãos”, detalhou. 

Outro ponto elogiado pelo palestrante com relação à política brasileira de assistência social foi à adoção de mecanismos de absolvição e recolocação de deficientes físicos ao mercado de trabalho. “Direitos humanos não se referem somente a presos políticos ou de qualquer natureza. Os acessos dos deficientes à cadeia produtiva, bem como às facilidades a meios de transportes e saúde, também integram as lutas dos mentores dos direitos das pessoas”, esclareceu Agozino.

 

Presença nas ruas 

Na segunda parte do seminário, a professora e psicóloga do Instituto Universitário Federal da Argentina, Graciela Lucía Cosentina, ressaltou a importância do trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs) como suporte assistencial aos moradores de rua. “Os argentinos não oferecem serviços sociais na mesma proporção do Brasil, que prioriza o resgate familiar sem restringir as dificuldades pessoais dos atingidos sociais”, comentou Cosentina.

 

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