CONAMP: XIX Congresso Nacional do Ministério Público continua em Belém

O futuro do Ministério Público está agora em nossas mãos. A declaração foi feita na última quarta-feira, dia 23 de novembro,  pelo presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), César Mattar Jr., durante a solenidade de abertura do XIX Congresso Nacional do Ministério Público. O evento, realizado em Belém (PA) até este sábado, dia 26, é promovido pela CONAMP e pela Associação do Ministério Público do Pará (Ampep). O Procurador Geral de Justiça do Amazonas, Francisco Cruz, participa do evento.

Ao abrir o congresso, César destacou o principal objetivo do evento: a definição de estratégias de atuação e iniciativas de aperfeiçoamento do Ministério Público. “Queridos colegas, desenhemos agora o Ministério Público que desejamos para os nossos filhos; escrevamos, pois, mais um capítulo da história de nossa instituição. O futuro dela está em nossas mãos”, disse o presidente da CONAMP, falando também sobre a importância da realização do congresso na região Norte. “No mote central deste evento, realizado no portal de entrada de um dos maiores patrimônios da humanidade, discutiremos os direitos fundamentais submetidos à tutela do MP, como o manejo racional dos recursos naturais, tudo na região mais pródiga e rica do planeta”.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ressaltou a importância das discussões que serão realizadas durante o congresso e da participação dos membros do Ministério Público nos debates. “Os participantes que se dispuseram a debater todas as questões neste evento darão uma contribuição valiosa para a construção do Ministério Público brasileiro. Todos os dias, em cada iniciativa, em cada manifestação, em cada feito, tijolos vão sendo acrescentados, solidificando a instituição. O MP é de todos nós e, acima de tudo, da sociedade brasileira”.

Ainda sobre a necessidade de debater temas de interesse do Ministério Público e da sociedade, o procurador-geral de Justiça do Pará, Eduardo Barleta, lembrou que a instituição tem como missão trabalhar pela melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros. “O Ministério Público é um verdadeiro agente político e, como tal, deve interferir na realidade social e melhorar a qualidade de vida de toda a sociedade. Nos próximos dias, a grande missão do MP será encontrar a sua verdade. A qualidade de todos os palestrantes e participantes deste evento fará com que este congresso se transforme em uma excelente obra de criação.”, disse.

A solenidade foi encerrada com o discurso do governador paraense, Simão Jatene, que elogiou a iniciativa da CONAMP e da Ampep de realizar o congresso. “Eventos dessa natureza tem uma importância muito grande, ainda mais de uma instituição que tem como missão defender as leis, defender a democracia, isso em um país em que a transgressão ainda é tratada com “um jeitinho”. Tenho grande respeito pelo MP. O tema central deste evento não poderia ser melhor. Quando se fala em Amazônia, diz-se que só existem duas opções: desenvolver ou preservar. A discussão não deve ser esta, e sim como vamos nos desenvolver e preservar ao mesmo tempo”, concluiu o governador.

Participaram da solenidade de hoje os presidentes do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais (CNPG), Cláudio Soares Lopes, da Assembleia Legislativa do Pará, Manoel Pinheiro, do Tribunal de Contas do Pará, Cipriano Sabino, da Associação Nacional do Ministério Público Militar (ANMPM), Marcelo Weitzel, da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Sebastião Caixeta, e do Conselho Nacional dos Corregedores Gerais do MP dos Estados e da União, Armando Lotti, o corregedor nacional do Ministério Público, Jeferson Coelho, os membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Alessandro Tramujas, Cláudia Chagas, Jarbas Soares Maria Ester e Tito Amaral, os ex-presidentes da CONAMP José Carlos Cosenzo, Joaquim Cabral e Milton Riquelme, os deputados federais Vieira da Cunha (PDT-RS), Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) e Arnaldo Jordy (PPS-PA), entre outras autoridades do MP e dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.

 

Secretário de segurança do Rio de Janeiro, conselheira do CNMP, procurador de Justiça do MP do Rio Grande do Sul e PGJ do Paraná ministram palestras.

No dia 24, no período da tarde, no XIX Congresso Nacional do Ministério Público, o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame ministrou palestra. Ele está à frente da Secretaria de Segurança do Rio e criou as Unidades de Polícia Pacificadora – as UPPs – em favelas antes dominadas por traficantes e milicianos. Beltrame também é responsável por coordenar a permanência do exército no complexo do Alemão até março de 2012.

A conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e presidente da Comissão de Planejamento Estratégico Nacional do MP, Cláudia Chagas, ministrou palestra no grupo de trabalho sobre o planejamento estratégico nacional.

De acordo com a conselheira, o objetivo final do planejamento estratégico nacional é ter um planejamento que envolva todo o MP brasileiro, mas sem ferir a autonomia dos MPs estaduais. Durante o processo de construção do planejamento estratégico está sendo verificado que as convergências entre os MPs são bem maiores que as divergências. “É um desafio trabalhar a unidade e ao mesmo tempo respeitar a autonomia”, afirma Claudia.

O procurador de justiça do MP do Rio Grande do Sul e ex-conselheiro do CNMP, Cláudio Barros Silva também ministrou palestra em um dos grupos de trabalho. O tema é Reflexões sobre o Controle Externo da Atividade Policial.

O CNMP deve votar em breve em duas propostas de resolução que alteram as regras sobre o controle externo da atividade policial, estabelecido na resolução 20/07. Uma delas prevê que os MPs tenham membros dedicados exclusivamente ao controle da Polícia. A outra prevê que eles contem com assessoria técnica e pericial apropriada para fazer exames médicos-legais em vítimas e investigar a regularidade de interceptações telefônicas e outras medidas de investigação usadas pela Polícia. A proposta também permite que os promotores que atuam no controle externo tomem medidas cíveis (e não apenas penais) contra os investigados, dependendo da repercussão do fato apurado.

O primeiro projeto dá 90 dias para que os MP’s dos estados e da União criem as promotorias específicas para acompanhar a atividade policial. O segundo prevê 120 dias para a nomeação da assessoria técnica e a permissão para que os membros que investigam a polícia atuem também na esfera civil. Atualmente, promotores que fazem o controle externo podem propor ações penais contra os acusados, mas se os fatos tiverem repercussão civil, eles precisam remeter o inquérito para um colega da área cível. Pela proposta, o mesmo promotor poderia propor ações penais e ações de improbidade administrativa, por exemplo, contra o acusado.

O procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto será palestrante do grupo de trabalho sobre Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a sua implementação. O PGJ foi um dos relatores e criadores o ECA.

O Estatuto da Criança e do Adolescente entrou em vigor no Brasil em outubro de 1990. De acordo com o PGJ, sua elaboração contemplou processo diferenciado em relação a outras leis e sua marca mais significativa foi a participação da sociedade civil na definição de suas regras. Além de integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário, movimentos populares como a Pastoral do Menor, o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, o Fórum de Defesa da Criança e do Adolescente, entre outros, tiveram papel fundamental na definição de sua linha ideológica, especialmente no que tange à absorção dos ditames da doutrina da proteção integral.

O encontro continua nesta sexta-feira, com a reunião conjunta do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais (CNPG) e Conselho Nacional dos Membros do Ministério Público (CNMP).

*Com informações do CNMP