Repercussão do caso de tortura praticado por policiais contra adolescente

MPE tem embate com a polícia
 
Comandante Dan Câmara disse ter sido informado do caso pela imprensa, mas MPE enviou documento à polícia em fevereiro. 

O caso da agressão ao garoto gerou um imbróglio entre Ministério Público Estadual (MPE) e o Comando da Polícia Militar. O comandante da PM, coronel Dan Câmara, disse que só ficou sabendo do caso minutos antes da veiculação do vídeo pela TV A Crítica, no início da noite de terça-feira, dia 22. Mas o Procurador de Justiça João Bosco Sá Valente, que apura o caso, apresentou um documento enviado no dia 28 passado a Dan Câmara, comunicando o fato e pedindo informações que ajudariam nas investigações que o Ministério Público conduzia sobre o caso do adolescente.

"É surpresa para mim. Eu desconheço. Este fato é novíssimo para a Polícia Militar. Eu soube ontem (terça-feira), por telefone, quando a produção da TV A Crítica me ligou", disse Câmara, ontem de manhã, em entrevista à Nova A Crítica FM.

"Eu lamento que o comandante da PM tenha vindo a público proclamar uma mentira e também demonstrar toda a sua omissão em relação a esse caso. Há quase um mês eu mesmo encaminhei ao Comando Geral da PM uma requisição no sentido que o comando identificasse os ocupantes da viatura mostrada na reportagem", rebateu o Procurador de Justiça João Bosco em entrevista ao programa Alô Amazonas, da TV A Crítica, na tarde de ontem.

O MPE distribuiu, ontem, cópia da requisição de dados enviada à PM no dia 28 de fevereiro. O documento foi recebido no protocolo da corporação no dia 10 de março. Mas, de acordo com o comandante da PM, o MPE apenas solicitou a escala de serviço do dia do fato. "O Ministério Público pediu apenas a escala de serviço. Eles não mandaram nenhuma cópia do vídeo e não falaram sobre o caso investigado. Só soube do que se tratava minutos antes da matéria ir ao ar", se defendeu Câmara.

 

Desculpas

Na entrevista à rádio, Dan Câmara não hesitou em pedir desculpas à população pelos atos dos policiais. "Eu sinto muito, mais uma vez. Demonstro meu sentimento de pesar. Peço desculpas à família desse cidadão. Passou a Polícia Militar a infringir a lei", disse.

 

À espera de resposta

O Ministério Público Estadual também aguarda resposta do Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo sobre os dados de saúde do adolescente. Somente esse pedido e o da PM não foram atendidos. O HPS foi oficializado no dia 3 de março.

(Jornal A Crítica, de 24 de março de 2011)