Presidente do CNMP apresenta Declaração do Ministério Público sobre o Direito da Água no FMA

DECLARAÇÃO ÁGUA

“Queremos, por intermédio deste documento, sobretudo, comunicar que consideramos a defesa da água como uma prioridade para agora”. Com essas palavras, a presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou a Declaração do Ministério Público sobre o Direito da Água na manhã desta quarta-feira, 21 de março, no encerramento do Subprocesso “Juízes e Procuradores na Justiça da Água”, durante o  8º Fórum Mundial da Água.
 
No encontro, que aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, estiveram presentes os conselheiros do CNMP Fabio Stica, Lauro Machado, Marcelo Weitzel e Luciano Nunes. A coordenação do Suprocesso no Fórum foi realizada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamim, e também contou com as participações da presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, e do subsecretário-geral de Meio Ambiente, Energia, Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, José Antônio Marcondes.
 
Durante o discurso, Dodge explicou que a Declaração resume as discussões realizadas entre membros do Ministério Público do Brasil e de mais nove países, além de representantes de associações internacionais do MP. “A Declaração é uma oportunidade ímpar para enunciarmos aquilo que nos une”, disse a presidente do CNMP. Ao comentar os dez princípios elencados no documento, Dodge destacou a síntese de cada um deles: a defesa da água como direito humano; a água e a função ecológica das propriedades; o direito à água para os povos indígenas e populações tradicionais; a água como elemento de inclusão social; a governança da água; a água na perspectiva da prevenção e da precaução; o princípio In Dubio pro Água;  a importância da relação poluidor-pagador e usuário-pagador; a água e a integração ambiental; e a relação entre a água e o acesso à Justiça.
 
Ao abordar a legislação brasileira sobre a água, Dodge afirmou que a novidade do 8º Fórum Mundial da Água é a ideia convergente de que a água deve ser tratada como um direito humano. “É preciso que nós, do segmento jurídico, ajudemos a comunicar que a água não pode ser precificada. Deve existir um mínimo existencial. A água não pode faltar para a vida humana. Isso é a grande novidade deste nosso segmento: o propósito de assumir e lutar, nas nossas legislações domésticas, pelo princípio fundamental da água como direito humano”.  Ela reforçou durante o pronunciamento: “Água é vida, e a vida depende da água. Temos sede de água, temos sede de justiça e temos sede de Estado de Direito”.
 
Raquel Dodge também destacou a recente criação do Instituto Global do Ministério Público para o Ambiente.