MP-AM deflagra operação Tapauara: Prefeito, vereadores e empresários estão presos

TAP VALE MESMO

 

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), deflagrou nesta terça-feira, 28 de novembro, a Operação Tapauara. A ação, que contou com o apoio e parceria da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da polícia civil e Controladoria Geral da União (CGU), aconteceu em Manaus e no município de Tapauá, a 565 km da capital.

As equipes cumpriram 9 mandados de prisão, 9 mandados de condução coercitiva, 9 mandados de busca pessoal e 26 medidas de busca e apreensão. O objetivo foi desarticular a organização criminosa que agia com o desvio de verbas públicas da prefeitura.


A investigação iniciou após denúncia ao Ministério Público do Estado do Amazonas, 2,5 meses atrás, que levou à apuração de indícios de pagamento de propina a servidores públicos e vereadores do município, por intermédio da empresa V. W. Comércio, Construções e Transportes LTDA, administrada pelo irmão do vereador Alvemir Maia, presidente da Câmara, o empresário Walter Oliveira Maia, "Waltinho", que também teve prisão preventiva decretada, mas ainda se encontra foragido.


Vários delitos foram praticados pela ORCRIM, dos quais se destacam os crimes de ameaça, peculato, corrupção ativa e passiva, fraudes a procedimentos licitatórios, lavagem de dinheiro, abuso de autoridade, dentre outros crimes graves, com intuito de distribuir os recursos desviados dos cofres públicos entre seus membros, assim alcançando vantagens indevidas, movimentando cifras superiores a R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de reais). Segundo as investigações, o Prefeito José Bezerra Guedes, o “Zezito”, é suspeito de comandar a quadrilha que tinha envolvimento de 10 dos 11 vereadores do município, além de empresários e servidores públicos. O prefeito foi preso ainda pela manhã na casa dele, em um condomínio de luxo, na zona centro-sul da capital. “Havia um direcionamento praticamente exclusivo com a determinada empresa que, não só ganhava a maior parte das licitações, mas ainda escolhia as outras empresas que deveriam ganhar, o que seria sempre ao comando do presidente da câmara e do prefeito. A partir daí, determinei que o Gaeco apurasse o feito, sendo que a parceria com a DRCO e a CGU foi fundamental para que pudéssemos identificar tanto as fraudes nas licitações, quanto à não prestação efetiva dos serviços contratados”, destacou o Procurador-Geral de Justiça, Carlos Fábio Braga Monteiro.

 

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                                                                         Prefeito de Tapauá acompanha busca e apreensão em casa 

Veja abaixo no organograma como o grupo se organizava. Além dos 3 vereadores presos durante a operação, outros 7 foram levados coercitivamente pela polícia para depor, eles também foram afastados das atividades parlamentares por tempo indeterminado.

 

Tapaua

 

Segundo o Promotor de Justiça Igor Starling a investigação terá continuidade, pois há indícios de fraude na contratação de vários tipos de serviço pela prefeitura. O Promotor revelou que quase a totalidade dos vereadores recebia propina para favorecer o esquema. “Existe um mensalinho para os vereadores, ficou demonstrado pelas investigações que eles recebiam uma quantia mensal e ganhavam um bônus eventual por atos diferenciados, como foi a autorização de aplicação da verba repatriada para o município em obra contratada pela prefeitura”, explicou.

 

IGOR TAP


Em uma ação controlada, os investigadores flagraram o empresário Walter Maia repassando a propina de R$5 mil reais a um homem não identificado. Na conversa, o empreiteiro diz que já está executando uma obra com verba da repatriação para o município. “ A pavimentação tá sendo paga com a Repatriação, então o que a gente combinou… R$5 mil reais pra cada um. O Thuthu já recebeu, o Mário já recebeu...e o Jones também já recebeu...”, diz Walter.

 

De acordo com o Procurador de Justiça Mauro Veras, Coordenador do Gaeco, o uso do Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de dinheiro, ferramenta adquirida pelo MP-AM no fim de 2016, identificou que o núcleo empresarial dentro da organização criminosa tinha uma intensa e marcante participação nas fraudes de processos licitatórios. “ Identificamos um grande aparato de corrupção instalado na administração pública. É lamentável que esse tipo de situação venha se repetindo reiteradamente no município com prejuízo à população”, afirmou o Procurador.