Promotor de Justiça foi confundido por bandidos

Fotopromotorfalando

O Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) Doutor Paulo Stélio Sabbá Guimarães que foi atingido, no dia 15 de maio deste ano, por dois disparos de arma de fogo quando chegava em seu local de moradia foi vítima, segundo a investigação criminal, de tentativa de latrocínio. O objetivo dos criminosos era assaltar um empresário que havia sacado R$ 50 mil de uma agência bancária no Centro de Manaus e que dirigia um veículo semelhante ao do Promotor de Justiça. Os bandidos seguiam o empresário, mas o perderam de vista e, num certo momento, passaram a seguir o carro de Paulo Stélio, abordando-o na Zona Oeste da cidade, onde efetuaram os disparos contra o promotor, atingindo-o na região da clavícula esquerda.

A dinâmica dos fatos foi esclarecida por uma investigação que reuniu esforços da Polícia Civil do Amazonas e de uma força-tarefa constituída por membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM). Depois do atentado, o Procurador-Geral de Justiça (PGJ), Carlos Fábio Braga Monteiro, instituiu a comissão para acompanhar as investigações policiais e atuar junto à polícia.

A força-tarefa foi chefiada pelo Procurador de Justiça Mauro Veras, Coordenador do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Investigação e Combate ao Crime Organizado (CAO-CRIMO) e do GAECO, e foi integrada por dois Promotores de Justiça do GAECO. O grupo trabalhou na análise das imagens e firmou parceria com o GAECO do Ministério Público do Rio de Janeiro  (MP-RJ). “O trabalho de parceria na análise das imagens, que foram tratadas, esquadrinhando os pontos em que a motocicleta dos assaltantes estaria, ao longo do trajeto, possibilitou, inclusive, a identificação da placa da motocicleta”, afirmou Mauro Veras, que disse, ainda, que o MP-AM também atuou com diligência na expedição dos mandados.

Foram realizadas reuniões entre delegados da Polícia Civil e Promotores de Justiça no desiderato de de elucidar o crime que provocou grande clamor social. “Colocamos nossos investigadores em campo e a congruência do nosso trabalho com as investigações da Polícia Civil culminou na prisão e apresentação dos criminosos”,  revelou Mauro Veras.

O delegado titular da Delegacia Especializada em Roubos Furtos e Defraudações (DERFD), Adriano Félix, disse que o Procurador de Justiça, Mauro Veras, foi muito presente nas investigações. Foi o delegado que, junto de sua equipe de investigadores, prendeu os quatro suspeitos do crime, que foram apresentados à imprensa, na manhã desta quinta-feira, dia 25.

Apresentação rápida
A apresentação dos presos ocorreu na sede da DERFD, no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste, e contou com a presença do Delegado-Geral da Polícia Civil do Amazonas Orlando Amaral; do próprio delegado da DERFD, Adriano Félix da Silva, da Delegada do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, Tâmara Assad, do Procurador-Geral de Justiça em Exercício, Pedro Bezerra; do Procurador de Justiça Mauro Veras e do Promotor de Justiça Reinaldo Nery, presidente da Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP).

Os quatro suspeitos do crime, que foi tipificado pela Polícia como tentativa de latrocínio, são Wesley Bezerra da Silva, de 23 anos de idade, Arlison Texeira Sousa, 30, Ivon de Souza Santana, 27 e Andrey Passos Marinho, de 19 anos. Segundo a polícia, eles foram presos na última terça-feira, 23, em cumprimento ao mandado expedido pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Luís Alberto de Albuquerque.

Durante a apresentação, o delegado Adriano Félix ficou encarregado de explicar a dinâmica do crime e como se chegou aos quatro suspeitos. Félix disse que os quatro são conhecidos da polícia por atuarem no crime que ficou conhecido, popularmente, como “saidinha de banco”. “Eles mantém uma espécie de olheiro dentro das agências”, disse o delegado. De acordo com a Polícia, os tais olheiros verificam quanto em dinheiro os clientes vão sacar e passam as informações para comparsas que estão fora das agências, geralmente, portando armas de fogo e que são os responsáveis diretos pelo assalto. “Mas todos, de alguma forma, participaram do assalto”, declarou.

fotodelegadofalando

Dinâmica do crime

O delegado Adriano Félix explicou que Andrey Passos e Ivon de Souza receberam as informações de Wesley da Silva, que figura como o “cabeça” do crime. Foi Wesley quem passou a Andrey e Ivon a informação de que o empresário estava com os R$ 50 mil em espécie e deu o sinal para que os dois passassem a segui-lo, usando a motocicleta. Durante o percurso, a dupla acabou perdendo o veículo de vista confundindo-o com o carro do Promotor de Justiça, que foi seguido até a casa dele.

Os três tiros contra Paulo Stélio foram disparados por Andrey, que usou uma pistola calibre 380. O piloto da motocicleta que ele estava era Ivon de Souza, explicou o delegado Adriano Félix.

O Procurador-Geral de Justiça em Exercício, Pedro Bezerra, disse da satisfação de estar na casa da Polícia Civil, para a apresentação dos suspeitos de um crime que teve como alvo um membro do MP-AM. Doutor Pedro Bezerra salientou que se sentiu aliviado por este ter sido um assalto e não uma ação contra o Promotor de Justiça, por conta da atuação dele. “Agradecemos o empenho da Polícia Civil, ressaltamos o trabalho do delegado e seus investigadores, do Gaeco e do CAO-Crimo, que foram também diligentes, e agradecemos o apoio da Associação (AAMP)”, afirmou Pedro Bezerra.

O Procurador de Justiça, Doutor Mauro Veras, destacou que as instituições precisam se fortalecer, no momento em que a criminalidade cresce. “O MP-AM precisa se fortalecer, a Polícia também”, afirmou Veras, que disse ainda que não basta mais trancar os criminosos numa cadeia que não tem condições de ressocializá-los. “Isso não resolve. Não basta prender e trancafiá-los. É uma questão que envolve um conjunto de medidas sociais que precisam ser adotadas”, disse.

O momento em que os bandidos passaram a seguir o veículo do Promotor de Justiça foi filmado por câmeras de segurança, da Avenida Pedro Teixeira, no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste. As câmeras do condomínio onde reside o Doutor Paulo Stélio filmaram a ação final dos criminosos, que, hoje, encontram-se privados de liberdade e serão encaminhados à uma cadeia pública.