MP ouve mais dois PMs envolvidos em tentativa de homicídio contra adolescente
- Criado: Quarta, 30 Março 2011 18:46
- Publicado: Quarta, 30 Março 2011 18:38
Mais dois policiais militares suspeitos de envolvimento em uma tentativa de homicídio contra um adolescente de 15 anos, ocorrida em agosto do ano passado, prestaram depoimentos na manhã desta quarta-feira, 30 de março de 2011, ao Procurador de Justiça João Bosco Sá Valente, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Investigação e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Amazonas (Cao-Crimo).
Segundo João Bosco, todos policiais que depuseram até agora negaram o envolvimento no caso. "Todos mantiveram as mesmas versões, negando o envolvimento e sequer se reconhecendo nas imagens do vídeo. Eles dizem não se lembrar dos principais aspectos. Nitidamente se vê que são versões combinadas", afirmou.
O vídeo que registra a ação dos policiais será enviado para perícia na Polícia Federal. "Ao que as imagens mostram há um garoto menor de idade e indefeso sendo coagido e agredido por policiais, demonstrando um ato de covardia dos PMs". Para o Procurador o caso será finalizado rapidamente, e não há dúvidas quanto à participação dos suspeitos. "Iremos concluir as investigações no menor espaço de tempo. As imagens falam por si só, confirmando a posição inicial. Não há dúvidas que todos participaram da tentativa de homicídio com qualificação de impedimento de defesa e meio cruel. Não há argumentos que sustentem a defesa", declarou Sá Valente.
PROVITA
A tentativa de homicídio cometida pelos policiais contra o adolescente foi assunto da reunião extraordinária do Programa de Proteção às Vítimas Ameaçadas (PROVITA), ocorrida também nesta quarta-feira, 30 de março, na sede do MP. O Programa foi criado em 2001 pelo Ministério Público para proteger vítimas de crimes ou testemunhas de procedimentos investigatórios.
Além do Procurador João Bosco Sá Valente e da Equipe Técnica Multidisciplinar (ETM) do Provita, estavam presentes na reunião representantes de outras instituições que compõem o Conselho do Programa, como o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e a Fundação Paulo Feitosa.
Além de discutirem o caso da tentativa de homicídio dos PMs contra o menor de idade em 2010, o Conselho do Programa também debateu sobre a denúncia veiculada hoje pela mídia local de agressão de policiais militares contra quatro homens no município de Coari.
O Provita é acessível a qualquer cidadão, e a adesão do mesmo ao Programa é feita direto ao Ministério Público ou a orgãos como o Tribunal de Justiça e a Polícia Militar. Ao ser inserida no programa a pessoa é submetida ao trabalho da Equipe Técnica Multidisciplinar (ETM), composta por psicólogos, assistentes sociais e advogados, que a partir de entrevistas produzem relatórios com aspectos da pessoa, e um laudo desse estudo é apresentado nas reuniões mensais do Conselho. "Essa reunião de hoje do Conselho foi extraordinária para tratar do caso de tentativa de homicídio contra o menor em agosto de 2010", declarou o Procurador João Bosco.