MP ouve mais dois PMs envolvidos em tentativa de homicídio contra adolescente

Mais dois policiais militares suspeitos de envolvimento em uma tentativa de homicídio contra um adolescente de 15 anos, ocorrida em agosto do ano passado, prestaram depoimentos na manhã desta quarta-feira, 30 de março de 2011, ao Procurador de Justiça João Bosco Sá Valente, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Investigação e Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Amazonas (Cao-Crimo).

Segundo João Bosco, todos policiais que depuseram até agora negaram o envolvimento no caso. "Todos mantiveram as mesmas versões, negando o envolvimento e sequer se reconhecendo nas imagens do vídeo. Eles dizem não se lembrar dos principais aspectos. Nitidamente se vê que são versões combinadas", afirmou.

O vídeo que registra a ação dos policiais será enviado para perícia na Polícia Federal. "Ao que as imagens mostram há um garoto menor de idade e indefeso sendo coagido e agredido por policiais, demonstrando um ato de covardia dos PMs". Para o Procurador o caso será finalizado rapidamente, e não há dúvidas quanto à participação dos suspeitos. "Iremos concluir as investigações no menor espaço de tempo. As imagens falam por si só, confirmando a posição inicial. Não há dúvidas que todos participaram da tentativa de homicídio com qualificação de impedimento de defesa e meio cruel. Não há argumentos que sustentem a defesa", declarou Sá Valente.

 

PROVITA

A tentativa de homicídio cometida pelos policiais contra o adolescente foi assunto da reunião extraordinária do Programa de Proteção às Vítimas Ameaçadas (PROVITA), ocorrida também nesta quarta-feira, 30 de março, na sede do MP. O Programa foi criado em 2001 pelo Ministério Público para proteger vítimas de crimes ou testemunhas de procedimentos investigatórios.

Além do Procurador João Bosco Sá Valente e da Equipe Técnica Multidisciplinar (ETM) do Provita, estavam presentes na reunião representantes de outras instituições que compõem o Conselho do Programa, como o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Polícia Civil, a Polícia Militar, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos e a Fundação Paulo Feitosa.

Além de discutirem o caso da tentativa de homicídio dos PMs contra o menor de idade em 2010, o Conselho do Programa também debateu sobre a denúncia veiculada hoje pela mídia local de agressão de policiais militares contra quatro homens no município de Coari.

O Provita é acessível a qualquer cidadão, e a adesão do mesmo ao Programa é feita direto ao Ministério Público ou a orgãos como o Tribunal de Justiça e a Polícia Militar. Ao ser inserida no programa a pessoa é submetida ao trabalho da Equipe Técnica Multidisciplinar (ETM), composta por psicólogos, assistentes sociais e advogados, que a partir de entrevistas produzem relatórios com aspectos da pessoa, e um laudo desse estudo é apresentado nas reuniões mensais do Conselho. "Essa reunião de hoje do Conselho foi extraordinária para tratar do caso de tentativa de homicídio contra o menor em agosto de 2010", declarou o Procurador João Bosco.