Após instauração de inquérito civil, MPAM realiza inspeção em terminal de Manaus

Publicado: Quinta, 27 Novembro 2025 12:08

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Vistoria priorizou condições de acessibilidade do espaço, situado no Tarumã

Visando garantir às pessoas com deficiência (PcDs) acesso à mobilidade e lazer, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) realizou, nesta semana, uma inspeção com foco na acessibilidade arquitetônica no Terminal de Integração 7 (T7), localizado na Av. do Turismo, bairro Tarumã, zona norte de Manaus.

Com a presença de representantes do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) e do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram), a inspeção foi realizada pelo promotor de Justiça Vítor Moreira da Fonsêca, titular da 42ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência (Prodhid).

Durante a fiscalização, conduzida na terça-feira (25/11), verificou-se que os problemas encontrados podem não apenas dificultar que PcDs utilizem plenamente as instalações do terminal, mas usuários comuns também. Entre os problemas relatados estão:

➠ Ausência de faixa de pedestres na entrada principal do terminal;
➠ Piso tátil na plataforma de embarque 2 incompleto, com trechos iniciados e não finalizados, prejudicando a orientação de pessoas com deficiência visual;
➠ Rede de proteção danificada;
➠ Inexistência de mapa tátil para orientação de pessoas com deficiência visual;
➠ Bloco administrativo, que abriga atendimento do Sinetram, IMMU e Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), sem sinalização acessível, nem recursos adaptados para atendimento prioritário;
➠ Bancada de atendimento no bloco administrativo com altura inadequada para pessoas usuárias de cadeira de rodas e sem guichê preferencial adaptado;
➠ Triagem no bloco administrativo realizada pelos próprios atendentes, sem espaço físico sinalizado para atendimento prioritário, apenas adesivos colados nos bancos de atendimento;
➠ Plataformas de embarque sem sinalização sonora que informe a chegada dos ônibus;
➠ Plataforma 2 sem bebedouro e com descontinuidade de piso tátil, dificultando a locomoção segura.
➠ Ausência de batedores de borracha na aproximação dos ônibus à plataforma, o que exige que os veículos parem longe das plataformas, aumentando o risco de quedas durante o embarque e desembarque.

Uma pessoa com deficiência visual, frequentadora do T7, foi abordada pela equipe de inspeção do MP e relatou dificuldades recorrentes para descer dos ônibus devido à falta de corrimãos e à ausência de fiscais para orientação. Ela destacou que, em algumas situações, os ônibus estacionam longe da plataforma, exigindo deslocamento inseguro, e que há carência de bebedouros próximos para consumo de água.

O representante do IMMU informou que há déficit significativo de fiscais, tendo o último concurso sido realizado em 2004. Essa insuficiência impacta diretamente a fiscalização das condições de acessibilidade. O representante também informou que já solicitou administrativamente a disponibilização de uma cadeira de rodas para atendimento emergencial no local.

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Os banheiros PCDs estão situados nos próprios banheiros comuns, tanto no masculino quanto no feminino. Neste último, há apenas uma torneira disponível e foram relatados furtos frequentes de equipamentos, comprometendo a funcionalidade e a higiene do espaço.

O Inquérito Civil nº 06.2025.00000693-3 foi instaurado para apurar a regularização de acessibilidade do T7, em setembro de 2025.

“Inspeções como essa que aconteceu no Terminal 7 devem ser cada vez mais comuns, porque onde o povo está é onde o Ministério Público deve fiscalizar, especialmente a questão da acessibilidade”, declarou o promotor Vitor Fonsêca, que ressaltou o fato de a denúncia ter origem em provocação do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD/Manaus), via Comissão Temática de Transporte, Mobilidade Urbana, Acessibilidade Arquitetônica e Urbanística. “Essa é mais uma iniciativa a partir do contato direto entre a sociedade, via Conselho Municipal, com o Ministério Público”, concluiu.


Texto: André Luiz Quintas
Foto: Divulgação/MPAM