Entrevista com a Promotora de Justiça Cley Martins, titular da PROCEAP

Entrevista com a Promotora de Justiça Cley Martins, titular da PROCEAP

Dra._Cley

"Desde a época de colégio já tinha uma inclinação para a área de humanas.Sempre estive envolvida em movimentos culturais, teatro e gincanas. Adorava o contato com as pessoas e tudo que tivesse relação com a comunicação. Ao escolher a profissão, pesou consideravelmente a influência paterna, pois meu pai é advogado". Leia mais detalhes da trajetória da Promotora, na entrevista abaixo.


Quando a Sra. decidiu optar pelo direito?

Após o término da faculdade de Direito, precisava traçar meu rumo. Ao analisar meu perfil pessoal, não restou dúvidas de que o caminho a seguir seria o do Ministério Público. A vontade juvenil de consertar o mundo, de proteger os direitos e garantias fundamentais e o sonho de ajudar a conservar o nosso planeta foram fundamentais para que eu iniciasse os preparativos para prestar concurso para ingresso na carreira.

E no Ministério Público, quando assumiu?

Iniciei minha carreira junto ao Ministério Público no ano de 1996. Trabalhei nas Comarcas de São Gabriel da Cachoeira, São José do Rio Negro, Manacapuru, Maués, Caapiranga e Careiro da Várzea. Fui promovida para a capital no ano de 2010.

Como foi sua atuação no interior do estado e como avalia seu trabalho na Proceap?

O tempo de atuação no interior foi determinante para fortalecer meus conceitos de vida e a educação que recebi em casa. Valorizar as pessoas mais simples e não cultivar a vaidade pessoal, em função do cargo, foram aprendizados importantes. Ficou marcado na minha memória, e falo com tristeza, da falta de estrutura do nosso interior, de como há um atraso econômico e cultural, de como os nossos ribeirinhos estão perdendo a sua identidade. Infelizmente, o interiorano só é lembrado por ocasião das eleições municipais. Atualmente sou titular da 60ª Promotoria do Controle Externo da Atividade Policial, com competência ampliada para a 61ª Proceap. A Constituição de 1988 atribuiu ao Ministério Público, dentre outras funções institucionais, o controle externo da atividade policial (art. 129, VII), na forma da lei complementar respectiva. Por muito tempo não havia um pensamento uniforme, de âmbito nacional, a nortear as ações do controle externo. Atualmente já existe um plano nacional de atuação, com diretrizes gerais a serem observadas pelo Ministério Público brasileiro no exercício do controle externo da atividade policial. O controle externo objetiva a integração entre as funções do Ministério Público e das Polícias, a prevenção e correção de irregularidades, o aperfeiçoamento e celeridade da persecução penal  e o estrito respeito aos direitos e garantias fundamentais.

Como a Sra. avalia o MP de uma maneira geral e de que forma o trabalho realizado pode surtir mais efeito?

O Ministério Público brasileiro assumiu o papel constitucional de guardião da sociedade. Dentro da sociedade amazonense o papel do Ministério Público não é diferente. É uma instituição respeitada e valorizada pelo empenho de seus membros e servidores. A atual administração conseguiu viabilizar muitos projetos necessários ao engrandecimento da instituição. Com certeza, em muitos aspectos deve haver melhorias. Nosso quadro de servidores ainda é reduzido em relação as nossas necessidades. As unidades descentralizadas, como as Promotorias que funcionam na Zona Leste e Cidade Nova, necessitam de espaço físico adequado para desempehar com dignidade sua função. Os Promotores de Justiça do interior precisam de estrutura física (moradia e gabinete) e funcionários do quadro do Ministério Público.

Que conselhos ou dicas a Sra. daria para quem gostaria de ingressar no MP-AM?

Para os que pretendem ingressar na carreira do Ministério Público fica o alerta de que, ao entrar na instituição, devem ter em mente que vão ser contaminados pelo vírus da responsabilidade, paixão, amor ao próximo, justiça, indignação, luta, persistência e muitos outros da mesma lavra. E que sejam felizes...