Manaus, 09 de junho de 2008 (MPE/RR) – A Polícia Federal (PF) deflagrou na madrugada da última sexta-feira (6), a Operação Arcanjo, que teve por finalidade reprimir o tráfico de entorpecentes na cidade de Boa Vista, e também crimes de pedofilia, abuso sexual de menores, prostituição, dentre outros. Oito pessoas foram presas, dentre elas, o Procurador-Geral do Estado de Roraima, Luciano Alves Queiroz, o Major da Polícia Militar Raimundo Ferreira Gomes, o Servidor do Tribunal de Regional Eleitoral (TRE-RR) Hebron Silva Vilhena, Givanildo dos Santos Castro e Lidiane do Nascimento Foo. Os dois últimos eram os responsáveis em cooptar menores, com idade entre 6 e 14 anos com o objetivo de agenciar programas sexuais que ocorria na casa do casal, bem como, em motéis da cidade de Boa vista/RR. Lidiane aliciava, inclusive, sua própria filha, menor de idade.
O esquema de pedofilia, abuso sexual de menores e prostituição foi descoberto a partir de uma investigação de tráfico de drogas, coordenada pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado e em conjunto com Polícia Federal, Ministério Público Estadual e a Justiça Estadual. A operação já vem sendo desencadeada há aproximadamente seis meses, e contou durante todo o período, com apoio do Ministério Público e o Conselho Tutelar.
Durante as investigações, as quais foram autorizadas pelo juiz Jarbas Lacerda de Miranda titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Boa Vista, foram interceptadas ligações telefônicas e imagens, algumas muito fortes, sobre o comércio sexual de crianças e adolescentes. Ficou claro na interceptação registrada a dissimulação utilizada pelos aliciadores e clientes para retirar crianças e adolescentes da casa de seus pais a fim de submetê-las a abusos sexuais, bem como, a ida de aliciadores até as escolas para buscar meninas com o objetivo de realizar programas sexuais. Além do aliciamento, na casa de Lidiane e Givanildo havia um intenso comércio de drogas e uso substâncias entorpecentes para as menores antes e durante os programas sexuais, as quais, segundo as investigações, tornaram-se dependentes químicas.
Conforme os Promotores de Justiça do Ministério Público Estadual José Rocha Neto e Luiz Antônio Araújo de Souza, pelo tamanho da quadrilha é impossível mensurar agora o número de crianças vitimadas.
Ainda segundo os Promotores, a maioria das vítimas são crianças de família humilde e os indiciados usavam do poder econômico para cometer tal atrocidade. “As pessoas ligavam para Lidiane e a Lidiane agenciava, próximo à escola ou dentro da casa, uma vez que ela tinha uma certa amizade com a família das crianças, que tinha um ciclo de amizade com outras meninas que, na sua maioria, são pobres, e esses indiciados têm dinheiro para oferecer, então eles passavam o dinheiro para Lidiane e ela o repartia esse dinheiro para as crianças. Os indiciados usavam de poder econômico para cometer esse tipo de atrocidade” explicou José Rocha Neto.
Os oito acusados irão responder pelos crimes prostituição infantil, previsto no Art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); estupro com violência presumida, atendado violento ao pudor e ainda corrupção de menores, previstos, respectivamente, nos Artigos 213, 214 e 218, do Código Penal Brasileiro (CPB).