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Manaus, 08 de novembro de 2007 (Folha Online) – Irregularidades como colocação de ar-condicionado em rampas de acesso para deficientes físicos, construção de "alambrado p/ quadra esportiva" num centro de saúde e assinaturas de empresários e de fiscais forjadas foram encontradas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo em 80 processos de licitação público de pelo menos 95 abertos pela Prefeitura de São Caetano do Sul (SP), entre 1997 e 2005.
A execução de tais serviços serviços descabidos consta em documentos que possuem o timbre da prefeitura e  a assinatura de diversos funcionários públicos responsáveis pela fiscalização.
 O Dr. Roberto Wider Filho, do Gaerco (Grupo de Atuação Especial Regional de Repressão ao Crime Organizado) da Promotoria de Santo André, que está à frente das investigações, dá a dimensão das fraudes. "Apesar de a prefeitura ter arquitetos que assinavam sem ver a obra, servidores fraudavam a assinatura do profissional. Só pode ter sido pela preguiça de enviar o papel até ele."
A investigação começou com a denúncia do construtor Antonio Cressoni, de 51 anos. À Promotoria ele declarou que, durante oito anos, ganhou cerca de R$ 16,5 milhões da prefeitura por obras que fez e por outras que nem existiram, sempre em concorrências públicas fraudadas.
Num dos casos, de 2001, os materiais usados na reforma de um centro de saúde são exatamente iguais, em quantidade e em valor, aos materiais empregados na reforma de uma quadra poliesportiva.
Tanto para a quadra quanto para o centro de saúde, a prefeitura pagou a colocação de 108 metros de "alambrado p/ quadra esportiva", de 118 m2 de azulejo e de 28,74 m2 de piso cerâmico. Para cada uma das obras foi pago R$ 149.936,23.
Ainda na licitação para a reforma do centro de saúde, das três empresas que disputaram a carta-convite, duas são do próprio Cressoni: a Empreiteira Planalto e a Construtora Cressoni. Ganhou a primeira. Em tempo: três concorrentes é o número mínimo exigido para a abertura de uma licitação por carta-convite, modalidade aceita para serviços de até R$ 150 mil.
"Fui orientado por eles [os engenheiros da prefeitura José Gaino e Evandro Luiz Alves de Moraes] a constituir uma nova empresa, só no papel, para não chamar a atenção", declarou Cressoni, que participou com as duas empresas de 17 licitações. De 95 concorrências, há indícios de a assinatura dele ter sido fraudada em 80.
Em outro caso de 2001, uma mesma planilha é usada em obras distintas: a construção de "acessos para deficientes e veículos especiais" num centro de saúde e a reforma em "sanitários, cozinhas e serviços de hidráulicas" em uma escola. O documento informa que foram colocados 22 aparelhos de ar-condicionado em cada uma das obras.
O arquiteto Flávio Luiz Martins, que atesta a execução da obra, afirmou à Promotoria que assinou sem ver as obras. Disse que "nunca viu nenhum aparelho de ar-condicionado instalado em banheiros ou cozinhas" de escolas públicas nem em rampas e que 13 assinaturas creditadas a ele são falsas.


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