Workshop para humanizar a terapia renal substitutiva tem participação massiva no MP-AM

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O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), por meio da 58ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública (58ª PRODHSP), realizou, nos dias 23 e 24 de março de 2017, o I Workshop "Humanizando o tratamento do paciente em terapia renal substitutiva".

 O evento, organizado pelo Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf), foi realizado no Auditório Gebes Medeiros, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, e contou com a participação massiva de especialistas, pacientes renais, autoridades da Rede de Atenção ao Paciente Renal, representantes de instituições de ensino do Amazonas e entidades de fiscalização da área.

O Procurador-Geral de Justiça Fábio Monteiro, fez a abertura dos trabalhos. “É muito importante, o objetivo é humanizar a atividade institucional, fazer com que a população entenda que o papel do Ministério Publico é muito maior do que somente entrar com as ações judiciais, mas também ser o indutor de políticas públicas. Então, essa iniciativa da Promotora Silvana Nobre, sob a coordenação da Procuradora de Justiça Karla Fregapani, teve todo o apoio da nossa administração”, destacou o PGJ

 
O Workshop faz parte da primeira fase do Projeto “Mapeamento dos Pacientes Renais Crônicos atendidos pelo SUS, na Cidade de Manaus”, que tem como objetivo formar a primeira base de dados dos pacientes que fazem hemodiálise na cidade, pelo sistema público, além de criar mecanismo efetivo de fiscalização dos contratos que o Estado celebra para prestar esse serviço.

No primeiro dia, a programação contou com a apresentação de boas práticas desenvolvidas nas diversas instituições que prestam os serviços de terapia renal substitutiva, como Hospital Universitário Getúlio Vargas, Pronefro Doenças Renais, Hospital Santa Júlia, Clínica Renal, CDR e CEHMO. “No primeiro dia, que tratou sobre a operacionalização do atendimento, nós tivemos uma adesão muito grande porque todas as clínicas estiveram presentes, além das principais autoridades que tomam conta desse serviço no estado do Amazonas. A ideia é uniformizar o atendimento aos pacientes no melhor nível”, ressaltou a Promotora de Justiça Silvana Nobre.

O Presidente do Conselho Regional de Medicina José Bernardes Sobrinho, defendeu investimentos públicos para a realização de transplantes de rins no Amazonas. “Nós estamos na contramão da história. Se você pegar os estados mais adiantados, os países mais adiantados, a hemodiálise é um tratamento provisório, para que o paciente faça o transplante em seguida. Aqui, nós não fazemos transplante. Então o paciente vai morrer com hemodiálise. O Acre faz mais transplante que o Amazonas hoje. Na grande maioria dos casos você pode reabilitar a pessoa para uma vida normal sem hemodiálise, faz direto o transplante. Infelizmente os gestores não investem nesse transplante renal”, afirmou o médico.

Nesta sexta-feira, 24 de março, as atividades foram concentradas nas palestras e debates sobre os Direitos e deveres dos pacientes renais, a Atual situação dos transplantes de rins no Amazonas, Vida pós-transplante e Protocolos de acesso.

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A médica nefrologista,Mariela Figueiredo, falou sobre as dificuldades enfrentadas pelo paciente em tratamento renal, que vão da escassez de recursos mínimos de sobrevivência e locomoção, passam pelas falhas de atendimento em saúde básica, e culminam na diálise e necessidade de transplante.

“A gente precisa refletir sobre a questão do transplante, sem deixar de considerar os fatores que interferem no agravamento das condições de saúde do paciente ao ponto de levá-lo à diálise. O problema é de estrutura para atender, não só os transplantados, mas, primeiramente, aquele paciente que já tem um deficit de função renal e que precisa ser acompanhado regularmente por um nefrologista para não chegar a ponto de diálise e depois transplantar”. E deu seu ponto de vista sobre a humanização no tratamento dos renais. “A humanização do tratamento do paciente em terapia renal substitutiva ultrapassa o apoio médico, psicológico, social e estrutural porque inclui toda uma logística de abordagem desses pacientes. O tratamento é individualizado para cada paciente, e não pode sofrer descontinuidade por questões de protocolo ou filas de espera. Humanização é o paciente ter o acesso a todo tipo de serviço, a todos esses profissionais e a toda a estrutura de saúde com a prioridade que o seu estado de saúde demanda”.

 

Para Thiago Coelho, Secretário da Associação dos Renais Crônicos, a iniciativa do Workshop é imprescindível para a melhoria do atendimento prestado aos pacientes no estado. "A gente fica muito feliz que o Ministério Público está agindo, tá tomando a frente para fiscalizar o serviço prestado pelo Governo, assim como as clínicas que atendem aos pacientes renais. Estaremos sempre a postos para colaborar e discutir sobre os problemas que nos afligem, podem contar conosco", afirmou o representante da entidade.  

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Ao final do segundo dia de programação do workshop, a Promotora de Justiça Silvana Nobre, fez uma avaliação do evento . “A meta que traçamos desde o início é trabalhar os problemas de forma operacional para resolvê-los. Penso que reunir os profissionais da medicina, os pacientes, a associação dos pacientes, os órgãos públicos e os prestadores de serviço, seja o melhor caminho para encontrarmos uma melhora no serviço de hemodiálise do estado do Amazonas”.