Entrevistas

Entrevista com a Promotora de Justiça Carolina Monteiro Chagas Maia

A Promotora de Justiça Carolina Monteiro Chagas Maia sempre sonhou em exercer a profissão. Ela diz que contou com o apoio incondicional da família e que o trabalho no MP-AM é a realização de um sonho, de um projeto de vida. Confira a entrevista na íntegra.


AIDC: Como a Senhora define exercer a profissão de Promtora de Justiça?

Desde que me tornei Promotora de Justiça do Estado do Amazonas tenho vivido uma experiência ímpar. Aqui conheci uma realidade nova, já que não sou deste Estado, me encontrei como ser humano, amadureci e tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas. Tenho todo o entusiasmo pela frente. Estou certa de que acertarei muitas vezes e errarei outras tantas, mas sempre procurarei fazer o melhor possível.

AIDC: É difícil ser Promotora de Justiça no Interior do Estado?

É sim. As peculiaridades geográficas da região que a elevam a uma condição quase continental provocam um isolamento constante, com altos custos logísticos e criam especificidades só aqui encontradas. Mas ao mesmo tempo, diante das belezas naturais e principalmente do que um Promotor de Justiça representa em uma pequena comarca do interior do Amazonas, com o poder de transformação de vidas que ele tem, a missão se torna gratificante e até mágica! Aqui o MP pode aplicar o preceito constitucional de servir de instrumento de transformação social com a maior intensidade desse país.

AIDC: Em que Comarcas do MP-AM a Senhora já trabalhou antes de fixar-se em  Juruá?

Desde que entrei no MP do Amazonas, há pouco mais de dois anos, sou titular de Juruá, mas durante esse tempo tive as funções ampliadas para Coari, onde passei dois meses e Itacoatiara onde trabalhei por um ano e meio. Também passei um mês em Codajás, já participei de uma audiência pública em Japurá e recentemente estive por quase dois meses no Careiro da Várzea.

AIDC: Quais os casos mais frequentes que passam pela sua Promotoria ?

Além dos atendimentos que deveriam ser realizados pela Defensoria Pública na área de família e acabam sendo efetivados pelo Ministério Público, diante da ausência daquele órgão no interior deste Estado, os casos mais freqüentes em Juruá envolvem lesões corporais, situações de violência doméstica, de pequenos furtos e de menores em situação de vulnerabilidade.

AIDC: De que maneira a Comarca que a Senhora atua é auxiliada pelo MP-AM?

É certo que o MP-AM ainda precisa fazer muito para equipar as comarcas do interior e fornecer subsídios aos Promotores que lá atuam. No entanto, sempre que precisei, o MP-AM atendeu minhas solicitações. Quando cheguei a Juruá, para citar como exemplo, sequer havia uma linha telefônica na Promotoria. Também os computadores que lá se encontravam não estavam em regular funcionamento. Atualmente, há uma linha instalada dentro da sala do MP com fax, computador e notebook novos, além de uma estagiária para auxiliar nos trabalhos.

AIDC: A senhora acredita que o Ministério Público cumpre o seu papel?

Sim, na medida do possível. O Ministério Público ainda é uma instituição respeitada e, principalmente em comarcas isoladas, como é o caso de Juruá, funciona como uma esperança para a população humilde e ressentida pela falta de políticas públicas e pela ausência das instituições estatais.

AIDC: Como avalia a atual Administração do MP-AM?

Transformadora. Vejo que a atual Administração vem implementando mudanças eficazes que, de um lado, buscam melhorar as condições de trabalho de seus membros e funcionários e, de outro, procuram fornecer à sociedade, o que ela espera da instituição, no exato cumprimento da nossa Constituição.

AIDC: Qual a dica que a Senhora daria para quem quer seguir carreira no Ministério Público?

Além de estudar bastante é importante que só se decida pela carreira ministerial quem tiver vocação. O Promotor de Justiça deve se pautar pelos princípios da ética e da consciência profissional. Também deve ser alguém que não tema os desafios, não fuja de suas responsabilidades e honre com magnitude a importância do seu cargo, mas com o dever da humildade, no cumprimento duro e inflexível das obrigações diárias. Porque só assim, cada vez mais, a instituição poderá continuar fortalecida perante a sociedade e não perderá os poderes que conquistou até então.

 

"O Ministério Público é minha vida. Não me vejo fazendo outra coisa. Sinto orgulho de fazer parte de um órgão que é função essencial à prestação jurisdicional, ao qual cabe zelar e lutar pelos interesses da sociedade, defendendo-os como se próprios fossem."

Carolina Maia